Dessa dor aguda
Desse desespero contido
Dessas noites mal dormidas
Inquietas e turbulentas
Desses pensamentos
No pretérito mais-que-perfeito
Dessa saudade não cicatrizada me libertarei
Ou me libertaria se me deixasse
Não digo que me deixa
No sentido literal do deixar
Pois já me deixou em quase tudo
De um quase todo
Digo que não me deixa
Porque você nunca some
De maneira alguma
Você nunca some
Nem ao certo sei se quero que suma
Se quero mesmo que vá
Palavras confusas, sentimentos confusos
Como aquele vento
Tempestuoso você chegou
E agora está partindo
Como a mais leve das brisas
Daquelas brisas
Gélidas que passam pelo corpo
Me arrepiando de maneira brusca porém gentil
Você com esse jeito que me confunde
É rude e doce
Flor e espinho, fogo e água
Tanto, extremo, tudo e tão nada
Já não sei mais quem é
Perdoa se te digo
Palavras que dilaceram
Perdoa se te afasto de meus braços
Me perdoa se tranco a porta do meu coração
E te tomo as chaves
Me perdoa mas me libertarei
Não de ti, não de mim, não de nós, do “algo mais”