Eu moro no Paraíso
Não tenho o que reclamar
Escolhi ser peão
O mato é o meu lar
Acordo e dou bom dia pro Sól
Que ainda não apareceu
Tomo o meu café
E só volto no escurecer
Vou cuidar da bicharada
A queréra das galinhas
Depois eu tiro o leite
Que deixo lá na vendinha
Antes que o Sól fique alto
Preparo a minha marmita
Para encarar a lavoura
Na safra e na safrinha
A Lua já aparece
É hora de retornar
As costas estão doloridas
A botina começa a apertar
Volto pra casa cansado
E sento na minha varanda
Com o paiero na boca
Converso com minha patroa
Muitos dos meus amigos
Saíram dessa vida
Dizem que a lida do campo
É dura e que castiga
Concordo com eles em partes
No campo existe uma dor
Mas a terra é abençoada
E dá os frutos do merecedor
Terra! Abençoada!
Enriquecida, com suor e lágrima!
De um povo, trabalhador!
Que faz tudo, o que preciso for!