Quando eu canto repente
O mundo todo estremece
Cantador que aparece
Pra me enfrentar de frente
Sai correndo certamente
Ao ouvir minha toada
Eu faço ser respeitada
A viola que carrego
No repente eu sou prego
Batido e ponta virada
Eu venci um repentista
Que se dizia banzão
Quando viu o meu rojão
Saiu correndo na pista
Esqueceu a entrevista
Que pra ela foi marcada
Errou também a estrada
Saiu tombando igual cego
No repente eu sou prego
Batido e ponta virada
No festival que eu entrar
Faço a rima correta
E duvido outro poeta
Esse festival ganhar
Cantador que me enfrentar
Sai com a cara quebrada
Volta pro cabo da enxada
Todo poeta que eu pego
No repente eu sou prego
Batido e ponta virada
Com o dom que Deus me deu
Na profissão do repente
Já bati em muita gente
Ninguém nunca me bateu
Pro rei do verso ser eu
Não está faltando nada
Cantoria é uma estrada
Na qual sozinho eu trafego
No repente eu sou prego
Batido e ponta virada
Já cantei na Alemanha
Na Austrália e na Grécia
No Chile e na suécia
No Japão e na Espanha
No país da grã-bretanha
Fiz mais de uma baionada
Poesia bem rimada
Em qualquer país entrego
No repente eu sou prego
Batido e ponta virada
Nos caminhos do repente
Eu não temo ameaça
E nem um poeta passa
Um palmo na minha frente
Repentista prepotente
Que seguir minha jornada
Enquanto uma tombada
Eu não lhe der não sossego
No repente eu sou prego
Batido e ponta virada
Quem do meu lado se senta
Com a viola sonora
Garanto que meia hora
Ele não me aguenta
Ele sai torcendo a venta
Com a viola ensacada
E me dizendo: Camarada
Você é forte eu não nego!
No repente eu sou prego
Batido e ponta virada
Meu nome de contador
Tá sempre nas principais
Páginas dos grandes jornais
Daqui e do exterior
Meu repente tem valor
E a todo mundo agrada
E é a essa abençoada
Profissão que eu me apego
No repente eu sou prego
Batido e ponta virada