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Confira a Letra O Poeta Acordou

Mauricião Afroage

O Poeta Acordou

Tô aqui de novo
O poeta acordou
Você deve tá pensando onde Ele estava o que rolou
Pra mim tava difícil
Não tava fácil sobreviver não
Não que estava tão ruim
Mas para eu sobreviver
Tava vendendo minha Arte
Como se fosse amendoim
Na rua
Não que eu esteja zangado com isso
Aqui não é um farsante não
É o Afroage, o Mauricio
Todo mundo tava pensando Que o poeta estava adormecido
Eu tô aqui, vivo
Com muita força, ativo
Sou Mestiço, sou Negro
Sou Índio
Sou descendente de vários
Povos

Tô aqui Afroage pronto pra
Guerra
A guerra contra a falta de
Dinheiro
A guerra de ser Brasileiro
A guerra de viver num mundo
Cheio de preconceitos
Contra o preto, contra o gordo
Contra a mulher
Gente que mora numa cidade
E não aceita o outro
Gente que é de outro país e
Também não aceita o outro
Gente que vive na Palafita
Gente que vive sem esgoto
Fiquei doente muito tempo
Pensando
Como é que eu vou escrever
Sobre isto
E como eu vou escrever o
Mundo todo em três minutos
Não é mais dezoito como o
Faroeste Caboclo
Três minutos pra escrever tudo
Que se passa no mundo
Como é que eu posso
E ter responsabilidade
Todo mundo só tá escrevendo
Pro mundo dançar
Desestressar
Tão falando de amor
Se a gente faz um som pra
Transformar
Acho que ninguém vai nem
Escutar
Pensando nisso por um tempo
Parei até de escrever
Mas tô aqui de novo
Não sei se eu sou um Esperançoso sem nexo ou um
Fudido
Mas vou continuar

É
Escrevendo que tenho direito de respirar
É escrevendo que eu me sinto
Mais forte
Escrever para mim é como
Protestar
Escrevendo num muro
Escrevendo num poste o que você quer
O que você quer transformar
E tô aqui de novo falando do
Do meu povo
As vezes falando um pouco de merda falando
Coisa bosta
Mas as vezes falando também de coisa séria
Como os Sem Terra que tão
Lutando por ai
Falando de Nova York
De Tokio
Falando da Barra do Piraí
Que eu nem sei onde é
Ha ha
E não falando de gente fraca
Não
Não vou falar de Zé
Ahh, sei lá
Acho que as vezes eu vou
Falar
Que eu vou ter que falar
De tudo
Alguns pensaram
Que eu tinha desistido
Já tavam olhando pra
Mim e ficando puro
Ai pensei, pensei e
Observei
E pensei

Depois de observar
Vi que eu eu não posso parar
É assim
Eu escrevendo, vou Escrevendo de tudo
Como se eu estivesse
Escrevendo pro mundo
Num grande muro
E como é que eu vou escrever
Se tem gente que só tá
Escrevendo merda
Tem manos e minas que tão
Escrevendo lance de verdade
Eu tô me sentindo como se
Todo mundo tivesse fome
De leite
E eu só tivesse uma teta
Mas eu só sei uma coisa
Eu vou continuar
Eu não posso parar
É meu som que me faz
Sobreviver
Não só o meu som, a Arte
A cultura que eu gosto
Mas também importante pra
Mim
Meu Deus, as pessoas que eu
Amo
As pessoas da família
Os de sangue ou não
As pessoas que considero e eu
Chamo de irmã e irmão
Esses cobram alguma coisa de
Mim

Que eu nem sei o que é
Por isso que o poeta não pode
Ficar adormecido
Sei lá, talvez eu me calando
Por um tempo eu tenha Crescido
E vou continuando, falando
Protestando
Olhando ao meu redor
E continuo rimando
Eu sou aqui
Eu sou pobre, favelado
Brasileiro, mais um Preto
Sabe que nosso som que
Sai daqui do ABC
No regional atinge o Brasil
Mas na internet encontra o
Mundo
Atingi o universo
E tenho certeza que uma
Porção de vagabundo
Quando ouve esse som
Tem mais esperança na vida
Eu vou em todo canto
Canal do Panamá, Moçambique
Angola, Brasil
Ano passado tive no Rio Grande
Do Sul
Montenegro, Ouro Preto MG
Sei lá acabei voltando
Eu não devia ter voltado
Mas o sentimento foi mais
Forte, voltei
E agora tô aqui
Não sei se fico, não sei se
Vou partir

Mas tenho compromisso
Preciso ficar aqui
É uma merda que você tá
Num mundo que você só é
Importante se você é rico
Mas minha riqueza tá dentro
De mim
Minha riqueza é minha livre
Vontade
Minha riqueza é minha cidade
Minha riqueza são as pessoas
Amigos e família que eu amo
E me pergunto
Pra que ter mais
Se tem tanta gente que tem Menos
Tô de volta ai
Eu vi, eu vi esses dias o filme do
Cazuza que me deu
Inspiração
O mano no fim da vida
Mas escrevendo mais um
Refrão
Eu olho ao redor e vejo tanta
Gente lutando
Tanto mano que não para
Tanto mano e mina lutando
Sem parar
É por isso que eu não posso
Encostar, não posso parar
Então pode ter certeza
O poeta acordou

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