Deus me livre ser poeta
Pra sentir a dor do mundo
Preferia a linha reta
Sem dilemas tão profundos
Na verdade, tal ofício
Não se escolhe simplesmente
Seja vocação ou vício
Traz sequela permanente
Mesmo sendo amargurado
Com razão nessa lambança
O poeta é condenado
A cantar a esperança
Ademais, está fadado
A viver do amor alheio
Sem o seu concretizado
Segue atrás do que não veio
E da insurreição tardia
Que hoje é só melancolia
Pra quem ousa conspirar
Nos poetas, afinal
Não há vida pessoal
Nem há dor particular