Primera!
Adentro!
Sou o fio da carneadeira
A morte aflora no aço
Pela destreza braçal
Que antes maneja o laço.
Antigo ritual de campo
Mistério que propicia
Ver no olhar do irracional
A dor crucial da sangria.
Sou o fio da carneadeira
Cruel ciclo dos fatos
No fratricídio de pelear
Chimangos e maragatos.
E numa clara alusão
Às cruzes que a faca fez
Foi sentença por La Torre
No embate em 93.
Sob o fio da carneadeira
Tomba uma res semeando vida
Sendo na mesa o consumo
Ou mesmo em forma de lida.
Lâmina passa da chaira
Torna-se avio da desgraça
Pra algum instinto maleva
Que é algoz da própria raça.
Segunda!
Adentro!
Sou o fio da carneadeira
O corte beneficia
E o castrador desde então
Terá outra serventia.
São mandamentos que regem
A religião das estâncias
E o cunho que sacrifica
Assim faz por circunstância.
Sou o fio da carneadeira
Com tristeza se constata
A violência que assola
Até por misérias platas.
Faca afiada não é pua
Pra se extravasar uma rinha
Após seu uso bem feito
Ai que vestir a bainha.