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Confira a Letra Família Proletária

Gustavo Skep

Família Proletária

Acompanhe o meu raciocínio
Será possível uma família viver com tão pouco assim
Três filhos que foram bem vindos
Crianças que sobreviveram e chegaram até aqui

O mais novo só tem dois anos
Depende da saúde pública precária pra poder crescer
Tem a filha de cinco anos
Que batalhou por sua vida depois de tanto sofrer

O mais velho tem nove anos
Teve que largar a escola
Pra sua família ter o que comer

O pai que cuidava de tudo
Perdeu o seu emprego e as cria sem renda ficou
Frustrado se viu sem saída
E no álcool foi buscar alívio pra amenizar sua dor

A mulher daquele lar
Já não sabia o que fazer, seu companheiro a deixou na mão
Com três crianças pra criar
Qualquer serviço é bem vindo naquela situação

Num comentário lá na rua
Alguém ficou sabendo pela tia da comadre da vizinha
Que morava de favor no barraco da sua prima
Que um certo empresário que levava doações
Pela igreja pra comunidade tinha uma vaga pra faxina

Na mesma hora se prontificou pelo serviço
Se arrumou e deixou o mais velho cuidando dos outros filhos
Pediu uns trocados emprestados pra vizinha
Pra pagar o circular até o lugar

Uma área nobre da cidade
Que ficava longe da sua comunidade
Levou algumas horas pra chegar
E o senhor lhe atendeu com muita boa vontade

Fez algumas perguntas pra constar
E ela explicou a sua necessidade
Que aquela oportunidade
Era a única que poderia lhe salvar
Tinha três filhos pra criar
Que o pai abandonou sem nenhuma explicação
E as latinhas que catavam
Não eram suficientes pra uma refeição

O empresário pela moça se simpatizou
E quis lhe dar aquela chance que tanto pediu
Precisava de alguém que tivesse um bom coração pois estava doente
Que a faxina nem era a questão
Perdeu a sua esposa há pouco tempo
Seus filhos não moravam no Brasil
E ele não queria preocupá-los no momento
Por isso sobre aquilo sigilo pediu

Vivia sozinho numa casa muito grande
Sua companhia era um labrador gigante
A mulher ouviu por horas aquele senhor
Que falou da sua vida com muito louvor

Que na comunidade ele a observou
E o quanto batalhavam pela vida
As doações que enviou pela igreja
Quase sempre era pensando na sua família

Muita gente dali na sua indústria trabalhava
Mas veio a crise e muitos foram pra casa
Depois da morte da sua mulher
Muita coisa mudou sua vida desandou

Os negócios já não importavam
Vendeu a sua empresa pra uma multinacional
Uma boa grana pra ele sobrava
Seus filhos lá fora dele já não precisavam

Formaram as suas famílias
E esquecido ele ficou sozinho na vida
Tinha uma casa vazia nos fundos da sua residência
Que se não se importasse ele a ofereceria

Pra morar com os seus filhos
Podendo cuidar dele e criando os meninos
Seus olhos se encheram d’água
Que esperança aquela família tinha sem ter nada?

Ela se ajoelhou rezou a Deus
Agradeceu o homem que a ajudou

E chorou
E chorou
E chorou
O que ela sentia já não mais podia conter
E chorou
Aquele homem a salvou
E chorou
De toda miséria que ela vivia
E chorou
Quanta gente vive nessa condição
E chorou
Um povo isolado do mundo
E chorou
Que não teve a mesma sorte de encontrar alguém de bom coração

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