Eu ainda gostaria de acreditar
Que existe vida naquele lugar
Que tudo, um dia, vai ser melhor
Do que já foi
Eu ainda voltaria pra merecer
Um lugar à sua mesa e beber
Da água e do vinho
Até os dias voltarem a caber
Eu ainda correria até chegar
Aos sinos do amanhecer
Aurora que faz esquecer
Que o tempo e a vida são sorte
Quem é que nunca amanheceu
Metade?
A noite me fez despertar
Antes do sonho acabar
E eu nem percebi
Eu nunca fui longe demais
Eu ainda esconderia a minha dor?
Por tudo o que ela já fez
Quem sabe se eu deixo passar
Ela vá embora de vez
Será que um teto bastaria
Para nos fazer
Ajoelhar, se render?
Comer do chão com prazer
E ao tentar se levantar, descobrir
Hoje não volta mais
Vai dizer que não sabia?
Não é um porto nem um cais
É uma linha em caminhos tortos
Eu reconheceria a sua voz
Pelos mesmos caminhos que eu fiz
Não me deixe sozinho aqui
Eu nunca saberia o que dizer
No silêncio de ensurdecer
Ante os gritos que ninguém escutou
Hoje o dia amanheceu sem estrelas
Eu nem sabia por que
Demorou tanto pra chegar
Não é um porto nem um cais
É uma linha em caminhos tortos
Eu vivo nas histórias
De um tempo que não se apaga