Lisboa, querida mãezinha
Com o teu xaile traçado
Recebe esta carta minha
Que te leva o meu recado
Que Deus te ajude Lisboa
A cumprir esta mensagem
De um português que está longe
E que anda sempre em viagem
Vai dizer adeus à graça
Que é tão bela, que é tão boa
Vai por mim beijar a estrela
E abraçar a madragoa
E mesmo que esteja frio
E os barcos fiquem no rio
Parados sem navegar
Passa por mim no rossio
E leva-lhe o meu olhar
Se for noite de são João
Lá pelas ruas de alfama
Acendo o meu coração
No fogo da tua chama
Depois levo pela cidade
Num vaso de manjericos
Para matar a saudade
Desta saudade em que fico
Vai dizer adeus à graça
Que é tão bela, que é tão boa
Vai por mim beijar a estrela
E abraçar a madragoa
E mesmo que esteja frio
E os barcos fiquem no rio
Parados sem navegar
Passa por mim no rossio
E leva-lhe o meu olhar