Meus versos não são apenas aforismo paradoxal
Transformei o pessimismo em uma lente pra enxergar a real
Uma vida dedicada a lírica insisti, embora sombrio
Libertador como a filosofia de Nietzsche
Errou quem me rotulou depressivo sem considerar
Que depressão é luxo eu não tive tempo pra chorar
Eu sou uma ameaça eu altero resultados
Compressivo não vê a cara nas grandes mídias de fato
Voltei no tempo a cena era outra mesmo é quente
Mas falando francamente o mercado entrega o que vende
Meus críticos não entendem, eu os compreendo e até melhor assim
Há elogios que são insultos depende de onde vir
Preciso me antecipar porque já me sinto atrasado
O mundo fazendo clone em IA e cêis ainda preocupado
Em criar fakezinho, em meus vídeos fazer comentários
Não adianta, o Rap de verdade conhece o Reinaldo
Era que o nosso estilo antigo tá quase escasso
Quem tá trampando, minha ascensão é inegável
Enfim
Cada um vê o que quer, o desfecho é sempre o mesmo né
Somos todos expressões da mesma essência, marcha no que é
A mídia continua idiotizando sua cria
Capitalizando em cima da nossa empatia
Transforma tragédia em produto, adocica o veneno
Substituem os papas mas o santo continua o mesmo
Isso não é sobre santo padroeiro
Políticos estão a anos luz das linhas de tiroteio
E aqui perante o corpo que agoniza
Cêis quer saber qual é o partido
Antes de estender a mão pra vítima
Quem é você quando ninguém tá vendo
Quem é você quando ninguém tá vendo
Quem é você quando ninguém tá vendo
Quem é você?
Quem é você quando ninguém tá vendo
Quem é você quando ninguém tá vendo
Quem é você quando ninguém tá vendo
Quem é você?
Essa porra é um palco, e eu me sinto um Hamlet
Em seu dilema existencial cabuloso
É tanta máscara que vocês veste
Que se esquece até do próprio rosto
Entre heterónimos nesse jogo de Marionete
Onde o discurso vale mais que o exemplo
Meu legado é morrer feito Dina di
Pela honra não pelo reconhecimento
Bem essas mesmo, estrelas mudam de lugar meu mano
Aqui nóiz continua sangrando, mema tese, mema ideologia
Ainda desacreditada destinada a morre trocando armada
De ódio e sede de justiça
Foda é que vejo várias de nós de chapéu tirando
Submetida a engano e a dignidade vencida
Com sorriso no rosto, os trauma silencioso
E o drama, transformado em mitologia
Quem dera mesmo eu fosse Themis
Pra condena esses parasita com imparcialidade e forma Justa
Em suma queria ser mesmo um monstro, Medusa
E transforma em pedra bruta uma pá de filha da puta
Ia decorar o jardim de casa com estátuas de pedra
Com a cara de vários mentiroso safado
Vermes que só faz peso na terra, engana um montão com média
Acha que filho é só pra foto em status
Enfim
Deixa que Deus cuida, esses já tão com os seus dias contados
Como eu ninguém é criança pra sempre
Da parte desses c... Sem novidade
Já espero o pior há tempos, dali nada mais surpreende
Um dia também sonhei com um mundo diferente
A casa com jardim em frente rosas, orquídeas, família
Hoje prefiro que guarde suas flores, suas palavras doce
Só o respeito memo e um lugar seguro pra minhas filha
Pra que ela não se submeta ao menos pior
E sinta orgulho quando lembrar do meu nome um dia
E não se esqueça que: Perdoar não é esquecer
Esquecer é permitir que o agressor volte em outra face e outra narrativa
Perdoe meu dedo podre
Recompensarei qualquer tipo de ausência
Perdoe meu dedo podre, não justifica
Mas é que também não tive as melhores referências
Os números não mentem é só descobri o corpo
Voltando do trampo veja, o gênero da vítima é a mesma
Campanha não nos salvam, não é questão de feminismo entenda
É que contra fatos não há argumentos que vença
É sem pano pra jack independente do seu hype rap
Cêis tão chamando isso de aula
Sem pano pra safada, Pipoquinha o caralho
Foda se moscando, ironizando a própria desgraca
É isso mesmo que eles querem
Nossas crianças é essa erotização disfarçada de diversão
Isso não é sobre mulheres
É sobre seres humanos em decomposição
Ainda é fogo na Caneta
Contra os que acha que a vida é só droga e buceta
Pelas minhas sem contar com a sorte
Um pouco mais que frase em camiseta
Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome
Um pouco mais que a mídia fez por Vitória Regina
E todas desaparecidas, essa é a minha nota de pesar
Por cada hematoma, cada surra escondida
Cada expulsa de casa, a minha voz não vai calar
Respeito se impõe, não se pede, não é só trabalho é minha vida
Em nome toda esquecida eu vim pra cobrar
Sangrei por dentro mas por fora permaneço inteirona viva
Não vim pedir espaço, eu vim tomar!