Certa vez numa cidade do interior
Foi que esse fato aconteceu
Um jovem aos 18 chegou
E um presente de seu pai recebeu
Era um carro última geração
Ar condicionado e direção
Teto solar e câmera de ré
Mas o pai disse ao filho amado
Para tomar cuidado
E não perder a fé
O menino já de cabeça virada
Disse agora na estrada
Eu não ando mais a pé
E partiu em alta velocidade
Foi pro centro da cidade
Fazendo cantar pneu
Não deu muita importância
Era só ganância
Que nem agradeceu
A mãe chorou de tristeza
Ao ver a indelicadeza
Que o filho deu
Voltou pra casa de madrugada
Com o rádio no volume maior
Mas a porta tava trancada
Foi o castigo que o pai achou melhor
O garoto esbravejou
No carro novo embarcou
E saiu acelerado
O pai de longe gritou
Esse moleque me desafiou
Pela polícia que seja parado
E o garoto de bravo que estava
Pro lado não olhava
E na pista atravessou
Uma carreta que por lá passava
Quente, não freava
Ele se acidentou
Meia noite que bateu na porta
O pai que se levantou
Vendo a viatura la fora
Disse é agora
Que ele se danou
Mas a PM já deu a notícia
E a mãe de pronto desmaiou
O pai não acreditava
No que se falava
Que o filho se matou
E chegando perto das ferragens
Ouviu de passagem
Algo que o paralisou
Ouviu a voz do seu filho em áudio
Sair pelo rádio
E se arrepiou
Desculpe pai pela braveza
Agora tenho a certeza
Que o senhor me amou
E só queria o meu bem
Mas não ouvi ninguém
E minha vida se acabou
Proteja a minha mãezinha
Diga que vou sempre cuidar
Seja onde eu for
E ainda hoje o pai tem guardado
Aquele rádio
Em que seu filho falou
Na esperança de um dia
Ouvir a voz que ouvia
Mas aquele rádio
Nunca mais falou