Upa negrinho correndo na estrada
Pra avisar toda a negrada
Foi Custódio que chegou
Upa negrinho que coisa mais linda
Pastoreia a mandinga de Bará, o protetor
O príncipe, malandro querubim
Da nobreza do Beniin, o senhor da encruzilhada
A águia reluzente feito sol
Traz dos pampas um farol
Africanidade eternizada
Rio Grande terreiro, eg' lebara
É o sul mandingueiro que fala
Caô, salve os herdeiros de Xangô
Dos oprimidos e bastardos
Bastião da fé
Do povo que o branco negou
Começo, meio e começo, pois a vida é cíclica
O meio dá o preço, e o negro paga a dívida
Tem jeje e nagô atrás do rosário
Aos pés de atotô, o santo sudário
Obatalá é Deus no santuário
Enfim, hoje assentado no mercado
Pelos gaúchos cultuado
O curandeiro das mazelas
Por nós, do povo preto libertado
O seu batuque exaltado
No altar do samba da Portela
Acende a vela pro pedido acontecer
Acende a chama no olhar de um erê
Na luta por igualdade reencontrar a história
Avante portelense pra vitória