Sacaca escutei uma voz
Era você, no meio de nós
Eu sou mangueira, na magia da floresta
A sabedoria que respeita a terra
O vento sopra o transe do pajé
Rompe a meia noite, é ritual Turé
Fumaça de tawari, o xamã babalaô
Num gole de kaxixi encantos revelou
Maré me leva nas águas do Curipi
De quem sempre esteve aqui, waiãpis e caripunas
Pelo Jari, esperança em cada olhar
Ribeirinho nunca deixa de sonhar
Entre os furos e buritis
Risca o amapazeiro, põe a seiva na cachaça
Cura o corpo, curandeiro, benzedeira cura a alma!
Preto velho engarrafou riquezas naturais
Caboco, não se esqueça dos saberes ancestrais!
Bebericando gengibirra com o mestre
Mar abaixo, mar acima, a gente segue
Saia florida, Sá dona, no Curiaú
A fé encruza no em canto tucuju
É de manhã, é de madrugada
É de manhã, é de madrugada
Couro de sucuriju no batuque envolvente
Quilombola da Amazônia jamais se rende!
Eu vi em cada oração o corpo arrepiar
Bandeiras vibrando à luz do luar
Tambores se encontram cantando em louvor
Senti os sabores, aromas e cores
Nas mãos que moldam nossos valores
Meu preto, da mata és o griô!
Ajuremou, deixa ajuremar
O samba é verde e rosa e guia meu caminhar
Ajuremou, deixa ajuremar
Cuidado, chegou mangueira, na ginga do Amapá