Ao ecoar o som do maracá
Meu jequitibá é ritual de fé
Awê Turé! Awê Turé!
A flauta anuncia o transe do pajé
Karipuna já dançou Wajãpi no chão bradou
Tawari anuviou sereno
Mestre Sacaca é ensinamento
Na beira do rio Guardou o balanço da maré
Na pororoca carregado de axé
Sobe o Jari, seu moço, ê canoeiro!
Se não corre em furo d'água
Não se mete com banzeiro
Na palafita amparada de palmeiras
Deixa um presente à Estação Primeira
Folha seca pra benzer na moleira
Faz a reza Tucuju Se manifesta pra criança se curar
Ê sumano vá buscar Garrafada pra menina
Na fervura sete dias, sete noites ao luar!
Foi na encruzilhada que se formou
No encontro dos igarapés
Quilombo vivo assentado em nossos pés
Sob a raiz do Amapá
Giram matriarcas puxando o vento
Pro divino anunciar Macacaueiro em pele de sucuriju
No tronco oco ressoou o meu tambor!
Canta! No terreiro oração se dança!
No toque de caixa ligeiro
A bandaia se faz entender Samba!
No Laguinho, rei sentinela
Com os crias da favela
A floresta vai vencer!
Xamã Babalaô! Guardião do meu Ilê!
Rompe mato e faz tremer aldeia
Caboclo Preto Velho Verde e Rosa é meu sagrado
Toca o Marabaixo, Mangueira!