Maré que vai maré que vem
Caranguejo em movimento não aceita ser refém
Maré que vai maré que vem
O tambor da Grande Rio não se rende pra ninguém
Nós somos a nação do mangue
Sabedoria raiz ancestral
Tingidos de vermelho-sangue
A voz que vem do lamaçal
Às vezes mar, às vezes rio
Sempre um desafio, sem perder a fé
Ribeirinhos na dança da vida numa palafita
Acendendo velas e firmando axé
Salubaê Nanã salubaê
Vem socorrer o bicho homem que te chama
Pro manguezal com sua força florescer
Nanã Buruquê, senhora da lama
Corre nas veias o instinto batuqueiro
Tem alfaia no terreiro rodopio lá e cá
O galo canta invadindo a madrugada
Vai o samba em ousadia no gonguê e no ganzá
Reis e raiz ciranda e maracatu
Lança caboclo energia nesse cão
E no espelho tem salu e meia noite
Versos livres do açoite, o som da revolução
Anamauê, auêia, aê
É manifesto cultural de liberdade
Tá em cada instrumento o argumento da verdade
Chico é poesia luz da consciência
Mangue nossa luta é resistência
Vento de palmares antenado
Salve! Nosso herói eternizado