O vaqueiro e o papa
Tem missão bem diferente
O papa só bebe vinho
Vaqueiro bebe aguardente
Um gosta do vinho frio
E o outro da pinga quente
O vaqueiro e o papa
Muito diferente são
Um viaja pelo mundo
E o outro só no sertão
Um ama a vaquejada
E o outro a religião
O papa e o vaqueiro
Cada um é oriundo
E os dois pelo que faz
Sente um amor profundo
Um vive só na fazenda
E o outro no meio do mundo
Vaqueiro e papa nunca
Vai um a o outro encontrá-lo
Um é escravo da igreja
O outro é do patrão, vassalo
Um anda de papa-movel
E o outro de cavalo
Na fazenda o trabalho
Do vaqueiro é nota dez
O papa de tanto andar
Sente cansaços cruéis
Um anda atrás do gado
E o outro atrás dos fiéis
O vaqueiro e o papa
Trabalham de ano à ano
Vaqueiro casa e o papa
De casa casar nunca faz plano
Um mora numa fazenda
E o outro no Vaticano
O vaqueiro do sertão
Não veste roupa grã-fina
O seu traje é o gibão
A perneira e a butina
Já o papa só trabalha
Vestido numa batina
O vaqueiro na fazenda
Trabalha desde menino
O papa no Vaticano
Trabalha e não sai do tino
Um ouve o som de chocalho
E outro o som do sino
Vaqueiro luta com gado
Com cavalo e com ovelha
E o papa quando reza
Fica olhando pra telha
Um usa chapéu de couro
O outro tôca vermelha
Aqui termino o poema
Do papa e do vaqueiro
Que eu escrevi cumprindo
Meu papel de violeiro
E ofereço para o povo
Do nordeste brasileiro