Desato meu canto largo
Quando a guitarra ressonga
Minha alma se prolonga
Vagando na sesmarias
E o mundo silencia
Quando canto uma milonga
Vou alargando um espaço
Num milonguerar caprichoso
O céu é bem generoso
Mandou estrelas e o vento
Pra amansar o pensamento
Que cisma em ficar baldoso
Em acordes de milonga
Me desmanche emoções
Tinidos de prima e bordão
Arrepiam pelo e ruína
Quando escrevo junto as rimas
As coisas do coração
Quando escrevo junto as rimas
As coisas do coração
E dentro da noite grande
Vem a lua envaidecida
É uma velha conhecida
Deste peão madrugador
Que canta as penas do amor
Quando a alma está ferida
Sentimento e remembrança
Se emoldura em melodia
Meu coração se extasia
Lembrando dos olhos dela
Pra pele cor de canela
Vestida de poesia
Me adelgaço milongueando
Pra que a noite se agrande
No sonho taura se expande
No vibrar das ressonâncias
Então me faço distância
No ventre da noite grande
Em acordes de milonga
Me desmancho em emoção
Tinidos de prima e bordão
Arrepiam pelo e crina
Quando escrevo junto as rimas
As coisas do coração
Quando escrevo junto as rimas
As coisas do meu coração
Em acordes de milonga
Me desmancho em emoção