Numa varanda sombria
Prisioneiro e solitário
Cantava um triste canário
Sua desdita sem fim
Se lhe falar pudesse
Com sua voz dolorida
Das mágoas de sua vida
Ele então diria assim
Por que vivo prisioneiro
Cumprindo cruel destino?
Indefeso, pequenino
Nunca fiz mal a ninguém
Meu lar era a natureza
Era o céu, o firmamento
Nasci nas asas do vento
Para ser livre também
Eu vivia tão feliz
Cantando a vida que amava
Pelos campos eu buscava
Doces frutinhos ao léu
Eu voava livremente
Pelo espaço sem fronteira
Com minhas asas ligeiras
Subia alto no céu
Agora vivo sozinho
Fechado nesta prisão
O meu pobre coração
Já cansado de sofrer
Nunca mais vi o meu ninho
No galho da laranjeira
Sem a minha companheira
De saudade vou morrer